19 de outubro de 2009

O gosto dos amantes

Tudo fica sempre tão confuso em minha mente. Eu e minha mania de querer tudo ao mesmo tempo. De querer algo agora e querer o oposto disso em 5 minutos. De querer o impossivel. De querer o proibido. De querer o amor. De não querer saber de compromisso. De ser superficial. De querer ter alguém simplesmente porque toda vez que eu vejo uma criança na rua meu coração se derrete como polenguinho no forninho. De ouvir L'Amour e dar uma risada triste. De ouvir The One e sentir os olhos encherem d'água.

Eu sou aquela que não se decide. Não se decide porque na verdade não sabe o que quer de verdade. Tudo parece incompleto e o que parece certo assusta. Ao mesmo tempo, é como se eu estivesse parada no ponto de onibus de Mundo Cão, aquele onde nenhum onibus passa. Mas eu continuo ali, mesmo quando viram e falam "senhora, não passa onibus mais nessa rua". E eu continuo ali, sentada no banco, esperando o tal do onibus que, eu sei, virá.

Um dia eu vou acordar e uma lanterna piscará em cima de minha cabeça e eu saberei o que fazer. As vezes os dias ficam nublados mesmo. São tantas oportunidades que aparecem em nossa frente que é mais do que normal não saber por qual dos caminhos seguir. Mas toda a neblina uma hora some e vemos que andamos, andamos e andamos tanto por algum motivo. Basta seguir nossos pés.

E Carla Bruni me faz companhia enquanto eu não consigo abrir a maquina de escrever e começar um roteiro sensacional. E eu, imaginariamente, pego um copo e encho-o de vinho e sento na varanda da casa de veraneio e apenas espero. Não mais por um onibus. Espero um furacão que leve minha casa para Oz. As vezes precisamos ficar cara a cara com o Magico para descobrir que o poder estava o tempo todo em nossas mãos.

Na vida real, eu apenas troco de sereado conforme eu troco de homem. E eu continuo com Carla Bruni. E continuo sem escrever. Mas sem vinho, sem bebidas. Apenas aproveito o tempo frio. E troco o gosto do vento pelo gosto dos amantes.