23 de outubro de 2013

A arte de ser um filho da puta (e o feminismo)

Porque sempre é muito fácil para o homem ser filho da puta. 

Essa ideia de que o homem é naturalmente um ser sexual e que a mulher é um ser emocional transforma mostra como os conceitos da sociedade estão perdidos. Porque nem todo homem é um filho da puta e nem toda mulher fica esperando uma ligação no dia seguinte. Mas as pessoas insistem que é assim que é. Ou pior, que não pode ser de outro jeito. Um homem que repele uma mulher? Viado. Não existe homem integro, existe homem com tesão. As mulheres não podem ceder aos seus desejos carnais e dizer ao cara "ei, que tal um motel?" se não quiser ser uma vagabunda com quem o cara jamais vai querer sair novamente simplesmente porque ela teve atitude.

O homem é o machão e a mulher é submissa. Simples assim. Mulher que dá não é pra casar. Homem que não come não é homem. Qual é o problema das pessoas? 

Estava conversando com um amigo sobre Californication. O protagonista, Hank, é um ídolo. Tudo dá errado na vida dele, mas ele tá lá, entre erros e acertos, mulheres e bebidas, a filha e a mulher da vida dele, seu grande talento e sua falta de inspiração. Eu quero ser Hank Moody, eu disse. Então um amigo levantou a sobrancelha e perguntou "você quer estar com Hank Moody, não?" Não. Por que eu iria querer estar com alguém foda quando eu poderia ser esse alguém? Porque uma mulher não poderia ser o tal Hank Moody, se ela quisesse? Esteriótipos. A mulher tem que ser a Karen, que está lá para limpar as merdas dele, e não vice-versa.

Hank e Karen são um dos meus casais favoritos, top 5, provavelmente. Mas de todos os casais da ficção com os quais eu já esbarrei, não existe outro como Jesse e Tulipa para mim. Jesse não come um monte de mulher por ai porque só tem uma que ele quer. Tulipa é uma mulher independente, decida e acha que ele tem que aceitá-la exatamente como ela é. E isso não é o modelo de como as pessoas deveriam ser. Esse é apenas o meu modelo de casal perfeito.

Eu só acho que as pessoas deveriam ser menos hipócritas e se importar menos com a vida dos outros. O mundo é feito de caras filhos da puta, mulheres submissas, mas também de caras "bundões" e mulheres "vadias". Não estou aqui para julgar quem está certo e quem está errado, pois são valores muito abstratos. E vai muito mais da consciência de cada um do que de uma verdade universal.