31 de maio de 2012

Sobre escrever.

Eu tenho escrito muito nesses últimos tempos. Tenho feito posts no blog, escrito cartas de cinco laudas, estou, inclusive, trabalhando em um conto nesses últimos dias. Rabisco palavras em qualquer lugar, basta vir qualquer coisas que eu sinta que eu precise colocar para fora. Acho que tenho me sentido em contato com a vida e com suas opções. Talvez fatores externos estejam me inspirando. Talvez essas mudanças loucas que eu sinto que estão acontecendo dentro de mim estejam sendo o pivô dessa mudança positiva.

Escrever sempre foi algo importante para mim. Desde que eu tinha quinze/dezesseis anos aproximadamente eu já tinha blogs toscos onde eu vomitava todas minhas depressões de adolescência (que eram muitas). Escrevia fanfics, historinhas, poemas mal-feitos que graças a Deus devem estar em decomposição em algum lugar. Mas tudo isso serviu para aumentar esse desejo. Queria ser jornalista. Foi o grande sonho de toda minha adolescência. Mais, queria ser uma crítica de rock, tal como Cameron Crowe. Uma crítica de cinema. Queria escrever sobre todas as coisas que eu amava. Mas a vida não é feita de coisas que amamos. A vontade de fazer jornalismo se foi quando eu percebi que queria ser muitas outras coisas e que eu não precisava de um diploma para escrever sobre as coisas que eu queria falar sobre.

Essa fome pelas palavras me atinge até hoje. Tenho alma de escritora, porém não a disciplina. Me distraio com extrema facilidade e, além disso, não consigo achar inspiração aqui. Olho ao meu redor e esse quarto parece sugar minha criatividade. Um escritor medíocre culpa seu plano de fundo. Tenho excentricidades ao escrever. Preciso que tudo ao meu redor esteja minimamente organizado (principalmente a minha mesa), a música depende com o que estou escrevendo e com o que estou sentido, as vezes sequer coloco música. Gosto de escrever no frio e quando está chovendo. Tenho preferencia por escrever a noite e se for de dia que seja com o dia nublado, por mais que, depois de muito tempo, eu tenha passado a apreciar os dias de sol. Gosto também de acender um incenso para refrescar o ambiente.

Escrever não é uma obrigação, é uma necessidade. Quando eu sinto algo tão forte eu preciso colocar para fora, mesmo que não publique. Quantos textos eu tenho nos rascunhos deste blog... Sem contar que, as vezes, eu quero apenas escrever para mim mesma. Coisas tão íntimas e pessoais que não quero compartilhar com nenhum outro ser humano.

Escrevo não porque vivo, mas pelo que quero viver. A vida é uma só e, por mais que a gente mude constantemente ao longo dela, não mudamos o suficiente. Acredito que uma vez postei aqui no blog uma citação que achei de um diário de Sylvia Plath na qual ela fala sobre escrever para poder viver outras vidas e eu me indentifiquei na hora. Quando você cria um outro personagem você pode ser uma outra pessoa, com outros credos, outros sentimentos, uma maneira completamente de observar a vida da sua própria. É como se você conseguisse ter muitas existências numa só vida.

Escrever está no meu top 10 de coisas favoritas no mundo. Talvez no top 5. É algo que relaxa, que me deixa feliz, que me completa. Eu sei que essa urgência que eu sinto as vezes é incompreendida pelas pessoas. O que tem de tão importante que essa menina precisa escrever a meia noite que ela não pode escrever amanha pela manhã? A ideia foge pelos dedos e a paixão, a adorável paixão, se esvai. Pode-se escrever sim pela manhã, mas aquilo que você tinha que falar ali, naquela hora, se perde. Um lado meu odeia edições, por isso evito ler o que escrevo. Outro lado sabe que é necessário, ainda mais se o que se está escrevendo é uma ficção.

Fuçando por essa imensidão cibernética achei uma lista de 30 Coisas Essenciais aparentemente escrita por Jack Kerouac (sempre duvido de citações na internet) que, mesmo que não tenham sido escritas por ele, são interessantes. "As indizíveis visões do indivíduo", "algo que você sente encontrará sua própria forma" e "seja apaixonado pela sua vida" me parecem boas "dicas" de um jovem escritor beatnik para toda uma geração que sente vontade de escrever por necessidade e não por vontade.

28 de maio de 2012

Sobre o não-escrever

Há coisas que não consigo falar sobre, ficam presas na garganta, nos dedos que não ousam pousar nas teclas. Meu grande medo é chegar no meu leito de morte igual ao protagonista do conto As Neves de Kilimanjaro do Hemingway que só conseguia pensar em todas as coisas sobre as quais ele sempre quis escrever mas se acomodou e acabou nunca falando sobre. Ao mesmo tempo, me acho extremamente repetitiva. Eu funciono bem na minha mente.

A verdade incomoda. Me incomoda. As ambiguidades me deixam louca. Eu amo e odeio estar aqui. Eu sei o que eu quero, mas ao mesmo tempo quero outras coisas também. Estou cansada de tentar. Estou cansada de me importar. "Abaixo meus olhos desejando poder chorar mais e me importar menos", mas é tão difícil para alguém como eu. Eu minto. Tento parecer descolada, mas não o sou. Não é tão difícil me conhecer, saber quem eu sou por debaixo da casca de super heroína. 

Tanta coisa a dizer, mas não digo. Escrever sobre mim mesma parece tão difícil. Talvez eu devesse escrever sobre outras pessoas, outras vidas. Talvez eu não devesse escrever de jeito nenhum.

Se perder também é caminho... mas estou cansada de rodar em círculos e terminar em lugar nenhum.

13 de maio de 2012

Sinceridade espontânea


Tenho tido uma dificuldade em me sentar aqui e escrever por diversos motivos, mas vou dar apenas o que tem ligação direta apenas comigo: tenho que falar em códigos. Tudo o que eu falo inclui a vida que eu vivo e, principalmente, as pessoas ao meu redor, por isso é tão difícil me expor nesse lugar. Recentemente arrumei uma espécie de diário onde eu posso escrever nomes. Nomes. Que alívio. Odeio reler coisas minhas e sequer lembrar do que estava falando, ter que procurar nos arquivos da minha memória com quem eu andava, o que eu fazia, para onde eu ia. Tão complicado! O diário é simples, além de me acompanhar para todos os lugares. Entretanto, não escrevo nele tanto quando desejaria. Tantas coisas que passaram e que não foram registradas. Tantas sensações, sentimentos, vontades, sonhos, pensamentos que vem e vão, junto com o vento que bate na janela, nas minhas idas e vindas do fundão.

Mas não estou no diário, não estou escrevendo uma carta, estou no blog. Não sei se quero simplesmente aproveitar a trilha sonora que me inspira a sentar aqui e falar algo ou se apenas estou tentando matar tempo. Talvez um pouco dos dois.

Complexo de Courtney Love. I want to be the girl with the most cake. Não não. Ela finge tão bem que está além do fingimento, já eu me entrego com meus olhares inocentes. Inocentes? Ingênuos talvez. Provavelmente tenho estado um pouco mais com complexo de Fiona Apple. Sempre fui tão na cara, talvez seja por isso que eu odeio coisas meio explicadas ou indiretas.

Me peguei escrevendo e reescrevendo uma carta. Tão difícil tem sido, talvez porque não faça sentido eu escreve-la. Primeiro porque ela não chegará ao destinatário e segundo porque tudo parece tão ridículo. Tento fazer uma recapitulação de tudo o que aconteceu... mas pra quê? Qual é o ponto? Me martirizar porque um dia na minha vida eu poderia ter tido algo que eu sempre quis e não pude ter porque estava me agarrando a algo passageiro? Erros. Infelizmente não sou Erica Strange e não tenho um Dr. Tom que pode me fazer voltar ao passado e fazer tudo diferente. Se eu pudesse, eu faria. Não sei o que aconteceria daquele ponto em diante mas este ai é um dos erros que estaria na minha lista. Mas está no passado. Tudo ficou para trás junto com a oportunidade. Não quero me prender ao que já foi e o que só Deus sabe se tem chance de ser. Estou cansada de correr atrás do vento. Eu achei graça quando um certo amigo me questionou quando eu disse que não era Penélope. Que Penélope moderna é essa que durante os momentos em que tece e destece o tapete vai se engraçar com outras pessoas? Não vou culpar o medo. A culpa é minha. Eu não fui Penélope e por isso não tenho o direito de dizer "eu sempre quis você". Onde ele em mim quando eu estava em outros braços?

Não sei se eu rio, se eu choro ou se eu mudo de trilha sonora. Comecei a escrever pensando em outra coisa, mas tudo vira Pedro. É, ele tem um nome. Que coisa. Ele se resume a cartas com frases riscadas, posts e músicas. Sempre na mente, mas tão distante. É uma ideologia, um amor fictício por alguém que eu sequer conheci bem o suficiente, cujo calor nunca me aqueceu. Como falar de amor quando eu "amei" tantos depois. Existiu Pedro e os que vieram no meio dele. Pausa para parar de ser masoquista. Voltar a ouvir 3x4. Pausa para tentar ser feliz. Voltar a ouvir Refrão de Bolero. Pausa. Morte. Meu coração funciona com a lógica Marvel, nada morre de verdade. Voltar a ouvir Dom Quixote, que sempre descreveu de maneira exata esse sentimento. "Muito prazer, ao seu dispor, se for por amor as causas perdidas". Por amor as causas perdidas e ao fim do medo de ser sincera como não se pode ser.