26 de maio de 2013

Sobre Renascer

Complexo de Fênix. Complexo de Lady Lazarous, Sylvia Plath.

Seja lá o que for, eu sempre volto. Renasço das cinzas dos meus erros, dos meus maus caminhos, dos desejos da carne, do que não era pra ser. Eu volto a vida. Outra vida. Porque renascer é morrer e nascer mais uma vez. E isso muda as coisas. Não se pode esperar que tudo será igual uma vez que tudo se foi e não vai mais voltar. Não se pode esperar que você seja igual uma vez que você se deixou mergulhar naquele lago com o sobretudo cheio de pedras no bolso e que acabou acordando na margem do rio se perguntando o que aconteceu que a trouxe de volta à vida.

Quando você está morrendo tudo é escuro. Só existe destruição. Devo dizer aos suicidas de primeira viagem, é doloroso. Muito. O vazio que sentimos por vezes parece mais vasto que todo o universo e nossas lágrimas tanto internas e externas parecem encher mares inteiros. Os sonhos se desmancham diante de nós, como frágeis girassóis. E nada parece fazer sentido. Então você morre. E tudo continua escuro.

Mas em algum momento, é quase como se você fosse abduzida, só que de volta. E quando você vê seu coração mais uma vez bate e você não quer mais pintá-lo de preto. Vermelho works just fine. Os esmaltes descascados incomodam. A sobrancelha por fazer incomoda. E você sente uma saudade. Um desejo de se redimir de seus pecados. Então você traça caminhos internos para entender o que você aprendeu nessa grande jornada de vida pós morte. E você não entende. Não mesmo. Você vê que a vida tá ai. "The sun is up, the sky is blue, it's beautiful and so are you", mas ainda assim você não vê o propósito. Você passa achar que é uma chance para remediar os seus erros. Mas não é. Uma chance para ser melhor. Não, não é.

É uma oportunidade para seguir em frente.

E seguir em frente é difícil. Ô, eu sei. Eu estou seguindo em frente. Seguir em frente significa lutar contra a morte todos os dias. Porque querer matar seus sonhos é muito fácil. Acreditam que eu desisti de escrever? Eu disse em alto e bom som "eu não quero mais ser uma escritora, acabou". É, verdade. E tenho testemunhas! Eu disse também que não acreditava mais em amor e nem que um dia eu teria uma família. Eu não só matei o que me fazia mal, mas eu ousei matar as coisas que me faziam continuar. E eu quase não voltei dessa morte. 

Mas aqui estou eu. Sonhando novamente. Escrevendo novamente. Ouvindo Marcelo Camelo novamente. Acreditando. Ressuscitando pessoas. Mantendo outras mortas. Porque a gente tem que aprender que as vezes tem que ser pra sempre. Por mais que não pareça o suficiente. 

Hoje eu senti aquele velho sentimento, aquele que os filmes do Cameron Crowe me fazem sentir sempre que os assisto, enquanto ouvia Tiny Dancer. Over and over. E por mais que algumas coisas me assustem nessa minha nova vida, eu sei que esse é só o período de adaptação. E que eventualmente elas vão se acertar.

Ontem eu ouvi uma das coisas mais lindas que alguém que já me disse: "Não mude isso em você." E o que seria isso? Ser guiada pelo meu coração e me deixar ser levada por ele. E eu não mudarei. Não isso.

16 de maio de 2013

And it all comes back to... Engenheiros.

Crises existenciais me definem. Nesse último um mês, talvez um pouco mais, nada me define mais do que isso.

Crise de carreira. Crise de faculdade. Vontade de largar o trabalho, de trancar a faculdade. Crise de escrita, crise no relacionamento. Crises. Mas como eu sempre falo, crises são boas. Nem tudo se resolveu dentro de mim ou em minha vida, mas alguns parâmetros começaram a ser estabelecidos. O que a Nana faz e o que ela não faz. Até onde ela vai. Portas se abriram e estão fechando rapidamente sem chance alguma de retorno. Pois foi assim que eu fiquei depois de bater tantas vezes a cara na parede. Afinal, já chegamos àquela conclusão de que eu não nasci para ser Penélope. E de que jamais serei.

Nesse meio tempo acordei numa terça feira ensolarada e não vi mais sentido de nada. Acordei aos prantos pois nada mais fazia sentido. A vida parecia vazia. Um amigo havia partido e nada o traria de volta. Os anos que eu perdi, as chances que eu perdi, nada disso seria recuperado. Os e-mails não foram respondidos. Um relacionamento foi terminado. E a vida continua.

Alguns dos meus melhores momentos é quando estou em uma aula sobre Marcel Proust, em que muitas questões são levantadas e me fazem pensar sobre a vida, sobre o que eu quero dela. E então eu penso, o que me falta? Não é a paixão. Isso eu tenho e sempre tive até de maneira exagerada. Mas a coragem foge pelos dedos. A vontade foge pelos dedos. A vontade de escrever, a vontade de settle down, de casar e ter filhos. De repente todos os sonhos parecem distantes, inalcançáveis, como se fossem os sonhos de outra pessoa. A coragem de tentar, de arriscar, mais uma vez, mais uma vez.

A vida que segue parece mais fácil. Cansei do amor pelas causas perdidas, cansei de não desistir agora, cansei de pagar os pecados por ter acreditar que só se vive uma vez, cansei de acreditar em um amor 3x4, cansei da infinita highway, cansei de ser sincera como não se pode ser. E dessa vez nem Engenheiros parece mais surtir efeito. Matei as Anas, matei os Pedros, matei os Amores das Quatro Estações. Matei Robôs Gigantes. Matei. E, no fim de tudo, também morri.