31 de julho de 2013

Sobre Dualidades

Eu sou geminiana com ascendente em cancer e talvez isso devesse explicar tudo. Mas não explica. Porque é muito generalista querer decidir sua vida segundo o horóscopo. Algumas coisas, entretanto, parecem fazer um quê de sentindo. Provavelmente são só uma daquelas coincidências que me enlouquecem, das meninas de guarda-chuvas amarelos, virar à esquerda quando se deveria ir para a direita e todas aquelas coisas que parecem fazer algum sentido, mas que não fazem.

Existem duas Islands dentro de mim. Talvez até mais, mas essas são as mais importantes, pois são duas Islands que por essência se anulam. Uma Island quer encontrar um bom rapaz, atraente, magricelo, de barba e nerd para casar e ter Anakin, Pedro, Noah, Vivian, Alice, Scarlett e todos os outros filhos que quero ter na vida. Uma Island quer viver la vie hédonist. Beber todos os vinhos que não bebo, fumar todos cigarros que não fumo, ler todos livros que ainda não li, sentir todas as peles que ainda não senti, o gosto de todos os amantes, mudar de amigos com o humor. Uma Island quer uma vida simples na cidade que ela ama, mesmo sem conhecer outras. Uma varandinha na parte nobre da Tijuca daqui há uns 20 anos. Outra Island deseja se desapegar de tudo e de todos. Viajar por ai, Grécia, Peru, Califórnia, França, ter vários lares sem casa alguma. Uma Island quer ser uma pesquisadora, mergulhar no mundo dos livros, livros e bibliotecas, e suas texturas e fazer mestrados e doutorados, cada vez mais intelectualizada. Outra Island apenas quer escrever seus contos, seus romances e torcer para que eles encham seu estomago em Hydra.

Uma Island quer, no fundo, ser Penélope, ao menos uma vez na vida. Outra Island acha que não há razões para se privar dos prazeres instantâneos por causa de sonhos impossíveis.

Meus sonhos se fundem e se confundem, como cintilâncias (beijos Blanchot!) destoantes da minha alma. Meu lado hedonista tem cedido, tem se rendido aos prazeres de uma roda de cerveja e meaningless sex. Meu eu está cada dia mais franco, mais sincero, mais bocudo, sem se importar com as consequências. Afinal, cada pedaço do meu ser compreende que todas ações possuem reações e que devemos abraçar as recompensas que nossos atos nos proporcionaram, sejam elas boas ou não. São filhos da nossa inconstância, da nossa falta de paciência, da nossa malandragem, da nossa falta de sabedoria, da nossa ignorância. São os filhos bastardos expandidos de nossa consciência. 

Ah, consciência... se eu pudesse arrancava isso de mim! e vivia apenas de sensações.

Mas não posso. E escolhas precisam ser feitas e sofridas.

28 de julho de 2013

Sobre Esperança

Tenho me perguntado o que estou fazendo com minha vida. Esse primeiro semestre de 2013 foi o pior semestre que tenho em tempos. Parece que tudo combinou para ser um verdadeiro desastre. Talvez eu só precisasse me reinventar. Para sair da inércia as vezes precisamos mesmo queimar. Queimar nem sempre é algo ruim. É um combustível para nos fazer enxergar o que queremos e o que precisamos de verdade. Eu tenho, aos poucos, enxergado o que eu desejo. Ainda não sei os caminhos para chegar até lá, mas se soubesse seria trapaça. Spoilers, como River Song diria.

Muitas vezes me coloco em um papel como se ele fosse feito para mim, quando na verdade nosso destino está sempre mutando de acordo com nossas atitudes. Eu escolho como quero ser, como quero levar minha vida. Vi algo acontecer e perguntei "por que não foi comigo?" e então pensando bem agora percebo que não queria levar aquela vida.

Na virada de 2011 para 2012 eu disse que aquele seria o ano que mudaria minha vida. E ele foi. Me trouxe perspectivas perdidas, algumas que eu sequer sabia que tinha. Então deixei a escuridão entrar mais uma vez em meu coração e me perdi. Mas a luz no fim do túnel está lá, nos esperando um pouco mais adiante. O que nos separa é apenas uma esquina. Se deu certo uma vez, porque não pode dar novamente? Eu coloco minha fé, minha esperança, minhas fichas em 2013.2. All in. É isso o que fazemos no poker quando não temos nada mais para perder. Um all in com uma dupla de dois. Porque dois é o número mais solitário depois do numero um. Ou pelo menos é o que diz Aimee Mann. E eu acredito nela. Porque, ao som dela, sapos caíram do céu.

E assim, ao som de Wise Up, fico esperando por uma chuva de sapos e uma nova chance ao amanhecer. 

17 de julho de 2013

Sobre Quarta Feiras

As vezes bate aquela tristeza que ninguém sabe de onde vem. O desanimo, a vontade de ficar um pouco mais na cama, de assistir Doctor Who pelo resto do dia. De ouvir Yellowcard e lembrar de todas as vezes que eu ouvia Yellowcard, quando tinha livejournals e ficava escrevendo sobre pessoas que hoje em dia não estão mais na minha vida. É engraçado como de repente as pessoas param de importar e outras entram na sua vida e importam. Até que não importam mais. 

Ser humano é muito difícil. É uma complexidade de sensações de sentimentos. A gente ama e ao mesmo tempo não ama. Tem vontade de estar junto mas não quer. Tem medo, tem raiva, tem preguiça. Sofre mesmo sem motivo. Mas sempre tem um motivo.

Hoje é quarta feira. Eu não gosto de quartas feiras, quarta feiras aren't cool. Talvez haja um motivo escondido para não gostar esse dia. O motivo é, na verdade, bem óbvio. É o medo. O medo de perder o que não se tem.  Seres humanos são tão complicados que eles inventam cada coisa.

Mas na verdade todos os dias tem sido quartas. Quartas de chuva. E eu sinto hoje que não há Lagoa Rodrigo de Freitas que cure isso. Aquele sentimento de vazio, daquela adolescência perdidas, das noites perdidas ao som de Courtney Love... aquele mesmo vazio que volta para me puxar pelo pé. E as coisas perdem o sentido. A comida perde o gosto, as risadas são forçadas, o que se ama perde sua cor, as amizades se tornam cansativas. E as músicas são apenas repetições de outras vidas que se teve e que não vão voltar.

E Proust só torna tudo mais difícil. Quando a literatura se mistura com sua vida e sua paixão se torna quase destrutiva. 

Quase.

Mas é difícil respirar toda vez que eu paro para pensar. Ou para sentir. É sufocante ver que a vida que eu levo está tão distante da vida que me faria feliz.

Mas talvez esse seja meu destino. Queimar.

9 de julho de 2013

A Garota e o Verbo Esperar

Havia conjugado mentalmente o título desse texto muitas vezes. A última conjugação foi inspirada pela música da Fiona Apple e dos sinais que rondavam. Acontece que eu esqueço que sinais sempre foram apenas sinais e que essa música da Fiona é "amor às causas perdidas" feelings. E eu preciso tatuar essa frase logo para parar de ficar escrevendo isso em todos os lugares.

Fim de semana de muitas reflexões e a pior segunda feira da vida. Apaguem o último texto. Importa. Muito. "Hunger hurts and I want him so bad it kills me, cause I know I'm a mess he don't wanna clean up". Tá bom, trago Paper Bag de novo para jogo. Poucas músicas me definem tão bem quanto essa. Talvez Hurt regravada pelo Johnny Cash. É, talvez essa seja a música que mais me define.

Sorte que eu tenho amigos que abraçam forte e deixam as lágrimas escorrerem e estão ali para o que importa. Sem isso eu estaria realmente perdida.

Dói. Em algum lugar. Mas quando a gente fecha todas as frechas por onde sentimentos são capazes de passar a gente parar de sentir. Para de sofrer, para de amar. Mas talvez essa seja a única solução e eu estou disposta a abraça-la.

A menina que não esperou. A menina que esperou (e continua esperando) mesmo sem esperar. A menina que queria esperar porque a fome dói, mas passar fome vale a pena quando o preço é muito alto para amar. 

A menina está cansada de esperar por coisas que não vem.

And time is ticking.

Tick. Tick. Tick.


5 de julho de 2013

Sobre Perceber

Hoje foi um dia atípico no meu último mês. Foi um bom dia.

Ele começou dando certo e assim foi. Segundas chances, pessoas, quarto limpo, trilha sonora, livros, pessoas, conversas, pessoas, pessoas, pessoas, peteca. Um sentimento de preenchimento, de não mais apenas um dia gasto, mas uma série de pequenas coisas que foram boas o suficiente para me fazer deitar a cabeça no travesseiro e pensar antes de apagar "este foi um bom dia".

Então, em um determinado momento, provavelmente um dos pontos mais altos do meu dia, eu percebi. Ali, com o vento na cara e os cabelos balançando. Percebi. E notei que não senti falta, pelo menos não até aquele momento. Pensei em quebrar a greve, mas Fiona Apple ensinou que passar fome por vezes é bom. Por amor às causas perdidas e coisas assim.

Eu percebi. Será que fui a única?

O mais importante: será que importa?