27 de setembro de 2010

The word she knows, the tune she hums...*

 Ouvindo: Stone Temple Pilots - Big Empty; Stone Temple Pilots - Sour Girl; Tom Petty - Free Fallin'

"Sem música a vida seria um erro".

Nietzsche era, sem duvidas, um cara brilhante. E essa frase é uma das coisas mais certas que alguém poderia vir a dizer. Seja uma música cuja letra de diga algo, ou apenas uma melodia que te embale acompanhando seu estado de espirito, nada como ouvir uma música para comemorar algo ou para desabafar. Eu poderia (ou na verdade não, porque seriam muitas) citar algumas músicas que marcaram determinados momentos da minha vida. Músicas que lembram épocas, anos, épocas, ou até mesmo um dia especifico. Músicas que lembram pessoas.

Acho que poderiamos viver sem música, mas seria bem mais sem graça. Não é a toa que os grandes filmes tem alguma música que só de você ouvi-la você já se lembra das cenas. Assistir Casablanca é sorrir toda vez que Sam se senta ao piano e toca As Time Goes By, assim como Moon River me faz lembrar de Audrey Hepburn parada em frente a Tiffany's em seu vestido preto clássico Givenchy. Unchained Melody é Demi Moore e Patrick Swayze fazendo vaso de argila. My Heart Will Go On é o Titanic caindo. Pessoas precisam de músicas para eternizar um momento. E não só para isso, músicas servem para tornar uma caminhada mais agradável, ou uma road trip mais divertida. E para cada momento, existe uma música que se encaixará perfeitamente. E quando Beatles e Gessinger não tiverem a resposta, basta olhar ao redor, se permitir ouvir, porque seja no rock, ou na bossa, alguém terá a palavra que você precisa ouvir.


* Elton Jonh - Tiny Dancer

20 de setembro de 2010

 Ouvindo: Album Talkie Walkie da banda Air

"Amo as pessoas. Todas elas. Amo-as, creio, como um colecionador de selos ama sua coleção. Cada história, cada incidente, cada fragmento de conversa é matéria-prima para mim. Meu amor não é impessoal, nem tampouco inteiramente subjetivo. Gostaria de ser qualquer um, aleijado, moribundo, puta, e depois retornar para escrever sobre os meus pensamentos, minhas emoções enquanto fui aquela pessoa. Mas não sou onisciente. Tenho de viver a minha vida, ela é a única que terei. E você não pode considerar a própria vida com curiosidade objetiva o tempo todo..."

Sylvia Plath


Em algum determinado momento de minha vida me deparei com Sylvia Plath. Provavelmente foi citada em um filme que eu tenha gostado muito e esse nome rondou minha mente. Uma poeta que tirou sua vida ainda jovem, aos 30 anos de idade. Durante muitas das minhas idas a Livraria da Travessa eu me vi com Redoma de Vidro nas mãos, interessada em levá-lo para casa, mas sempre o largava novamente na prateleira. Nunca li, apesar de ainda ter vontade. Mas ela ganhou meu respeito desde que li - e me apaixonei - por seu poema Lady Lazarus. Sylvia Plarth me passa intensidade em sua escrita. Não sei se a dor a deixava profunda ou se sua profundidade lhe trazia dor. Sempre gostei da mistura de ambas, talvez por isso o encanto com ela.

Então, hoje a noite em busca de citações, achei essa citação de Sylvia. Sinto a mesma ânsia. Amo as pessoas, suas histórias, sempre gostei de ouví-las (apesar de ser uma pessoa que gosta muito de falar), sempre gostei de conhecê-las. Acho que ficar preso a nossa verdade, a nossos pensamentos, a nossas histórias reduz a gama de possibilidades, principalmente para mim que sempre gostei de escrever. Cada pessoa passa por coisas diferentes, sente de maneira diferente. Me trás uma sensação meio Manon, mas não totalmente ao pé da letra "Odeio minha vida. Quero viver outras.".

Essa madrugada gelada de Setembro me lembra do meu ano de 2004, das minhas noites frias de Novembro, que sempre pareciam pedir por November Rain do Guns. Me lembra minha própria época depressiva, a época onde eu tanto escrevia sobre o vazio. Sobre Hell. Me assusto ao pensar que depois de tanto tempo Hell tem surgido frequentemente em minha mente. Deve ser só impressão. Sinto falta das quartas feiras em Ipanema indo para terapia, onde eu colocava meus demonios pra fora, onde aprendi a lidar com outros. Se bem que nunca fui bem em lidar com fantasmas, musas ou demonios - e olha que sou uma Warlock Demonology!
Todas as vezes que abro o Living In Bars me deparo com a foto de Scarlett Johansson e Bill Murray no Tokyo Hyatt no filme Encontros e Desencontros. Penso em que outra foto eu poderia colocar lá, algum filme que eu goste mais - não que eu desgoste dele! Mas, dai observo a foto. Ali estão Charlotte e Bob. Perdidos na tradução. Quantas vezes não dizia que sofria de Sindrome de Charlotte e ficava ouvindo Just Like Honey do Jesus and the Mary Chain? Mas acima de tudo isso, tirando do contexto do filme, apenas a foto. São duas pessoas tristes, desiludidas, entediadas, num bar, bebendo. Pra encontrar uma saida, precisando se encontrar, bebendo para esquecer as perguntas sem resposta. Vivendo de bar em bar, como dançando embreagadamente em mesas, cansados de serem não-legais e de correrem atrás da felicidade! Bill mentira, after all ... Não fica mais fácil. Posso colocar Jesse e Celine como exemplo disso. Jovens, cheios de sonhos e de esperanças no auge de seus 23 anos, com um mundo a sua frente, tantas coisas para fazerem, tantos planos, tantas possibilidades. Então você sonha que você tem 32 anos. Você acorda assustado e vê que você tem 23 anos, suspira aliviado. Então você acorda, e você tealmente tem 32 anos. E tudo aquilo que você achava que ia acontecer, aquelas coisas grandiosas, elas não acontecem.

Mas é melhor que minhas divagações sobre Jesse e Celine terminem por aqui. Eles dão pano para uma madrugada inteira e bem, esta já está quase no final. E hoje eu não posso permanecer acordada como fazia quando era mais nova e eu entoava No Rain do Blind Melon como um hino. Onde "tudo o que posso fazer é ler um livro para ficar acordada". Os anos passaram e eu não posso me dar ao luxo de curtir o vazio das madrugadas geladas. Até porque esta é a Cidade Maravilhosa. Sabe-se-lá se amanha não surge um lindo sol que ilumine as idéias frias. Um lado meu espera que não. Fazia tempo que não escrevia assim.

Afinal, além de uma manha nova, em algumas horas (só é amanha quando eu durmo) será Segunda feira. O dia em que as dietas começam, em que a gente volta a ir a academia, em que a gente escolhe um dos mil livros na prateleira para ler e coloca todas as pendências em dia! Segunda feira é o dia oficial da esperança. Se não por tudo isso, pelo menos que a semana passe logo e que chegue sexta. E que os velhos encontros adiados se realizem e que tudo volte a ser como era há dois anos atrás. Que a gente volte a ser feliz de verdade.

14 de setembro de 2010

Sobre não ter o que dizer

Sempre que ouço The Lines of My Earth do Sixpence None The Richer é porque há algo a se dizer que eu não quero falar, que eu não tenho certeza ou que eu não sei. É uma música que remete ao meu interior, a dificuldade de me expressar. Agora não é diferente. Mais uma vez ouço essa música e não tenho nada a dizer, apesar de querer poder falar. Quem sabe colocando pra fora não fosse mais fácil. Tanta coisa que preciso jogar numa folha de papel, gritar com uma música de fundo, mas que não sei como e, sinceramente, não sei se consigo. Algo para aliviar o coração angustiado.

Mas como é difícil falar sobre um problema cuja origem ainda não consegui desvendar, preciso ao menos sentar e escrever que não consigo escrever. Que não consigo organizar meus pensamentos e que não consigo dissipar esse sentimento vazio. Não sei se isso ajuda em alguma coisa, mas pelo menos consigo despejar um pouco de honestidade, mesmo que obscura.

6 de setembro de 2010

Sobre casamentos felizes

Estou viciada em sites de fotos de casamento. Tenho alguns gravados nos favoritos e costumo visitá-los com certa frequência, procurando novidades. São lindos. Dos mais requintados aos mais simples (os que, pessoalmente, são os mais perfeitos). Ensaios inovadores e criativos, decoração impecavel de acordo com os gostos pessoais dos noivos. Formais e informais. Noivas tatuadas, loiras, morenas, tradicionais, extravagantes, campestres. Noivas. Noivos de barba, alargador, cabeça raspada, terno e gravata, colete.


Um dos momentos mais incríveis e emocionantes na vida de alguém. Uma preparação miniciosa de uma cerimônia que, seja ela grande ou pequena, tem em vista o objetivo de unir o amor dos dois em laços matrimoniais esperando que aquela chama que eles carregam em si nunca se apague.


Mas olhando agora aquelas fotos eu pensei "quantos desses casamentos realmente duram?". Como eles lidam com o dia a dia? Será que esse sorriso aberto, feliz, se tornou em um choro miserável e numa maldição? Será que algum deles vai terminar assim? Ou simplesmente terminar. Com lutas na justiça pela guarda de filhos, partilha de bens. Raiva, decepção, sensação de perda de tempo, cicatrizes.


Quantos deles vão chegar aos setenta anos, olhando para seus albuns de casamento e poderão falar um para o outro "somos felizes até hoje" ou ainda "somos ainda mais felizes hoje". Quantos desses casamentos chegarão a bodas de ouro. De diamantes. Quando olho essas fotos agora, tudo o que eu espero - com meu suspiro de esperança na sociedade - é que eles sejam felizes. Na saúde, na doença, na riqueza, na pobreza. Até que a morte os separe.