17 de abril de 2011

Aprendizados

Ouvindo: Ani DiFranco




Devo admitir que senti falta da minha psicóloga. Larguei a terapia há alguns anos, mas ver séries sobre sessões sempre me deixa meio nostálgica. Como seria voltar a ter sessões? As vezes sinto que preciso apenas poder colocar meus pensamentos e frustrações em algum lugar e nenhum lugar por aqui me soa satisfatório. Acho que me fechei com o tempo e acho isso triste. Não que isso não seja uma coisa positiva por um lado, mas é uma negativa por outro, então ambas acabam se anulando e eu permaneço nesse estado onde falar sobre qualquer coisa que envolva o que eu estou realmente sentido é praticamente algo proibido. E falar sobre isso é quase como um SOS. Eu preciso falar sobre o que me machuca, sobre meus sonhos, pesadelos, o que passa na minha cabeça, mas sem esse medo de terminar pisoteada. É normal que uma menina de 22 anos seja tão desconfiada assim? Mas as pessoas são tão cruéis e tão críticas. Elas julgam constantemente sem sequer saber, conhecer de fato, o objeto de seus julgamentos. Talvez eu passe a impressão errada, mas quem se importa? Todos passamos a impressão errada. É absolutamente estúpido julgar um livro pela sua capa. Não digo que estou imune a isso, mas tento estar sempre aberta a qualquer tipo de ser humano e me sinto meio orgulhosa de mim mesma por ter essa vontade de mergulhar em pessoas tão diferentes de mim. A gente aprende com todo o tipo de gente. Porque nos negarmos isso?

Eu não tenho o que reclamar. Estou chegando a me perder em tantas perspectivas novas. O que antigamente era um grande vazio virou um mar de opções. Por onde começar? E como fazer para não viver de futuro, almejando coisas que não estão na sua hora certa? Tudo tem o seu momento. Dar um passo de cada vez é a melhor solução. Aprendi que não adianta correr atrás do seu destino. Se for este seu destino, ele vai esbarrar em você numa esquina, derrubando seu café. A questão é: isso não representa nada. São apenas pensamentos abstratos que fazem parte do muito de coisas consistentes que eu queria dizer mas não tenho coragem. É tão difícil ser sincera?

As vezes sonhamos constantemente com certas coisas e nos pegamos nos perguntando de manha se tomamos as decisões corretas. Se me concedessem a chance de voltar ao passado e corrigir alguns arrependimentos, certamente alguns estariam na minha lista pipocaram na minha cabeça esses dias. Mas ao mesmo tempo, a resposta de outras coisas também pipocaram. Esclarecimentos. Algumas coisas são feitas com data de validade. E fugir de seus problemas não leva a nada. O que devemos fazer é exatamente nada. Eu estou tão satisfeita com a maneira que eu tenho agido perante tudo isso. Acho que fazer algo me faria apenas evitar lidar com algo que é inevitável.

A verdadeira sabedoria está em saber lidar com a dor e com as pessoas. Não podemos mudar as pessoas ou o que sentimos, então apenas continuamos sentindo a dor até que ela se torne apenas uma lembrança. E quanto as pessoas, não podemos editar suas ações nem o que saem de suas bocas, mas tentamos aceitar que todos nós possuímos livre arbítrio e que temos o direito de pensar e falar o que quisermos, quando bem quisermos, de quem bem quisermos.

A caminhada continua, os erros estarão ai e a dor virá, inevitavelmente, junto com os comentários maldosos daqueles que não enxergam o quadro completo.

"Seja bom comigo, ou me trate mal, eu farei o melhor que puder, eu sou uma máquina extraordinária". Fiona Apple.

2 comentários:

  1. Lindo. Pensamento que para alguns parece conformista, mas para mim é extremamente epicurista. Eu recomendo por demais o contato com os epicuristas (linha filosófica). Vai se identificar muito.

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  2. por essas e outras continuo caminhando, quem sabe algo acontece, mas é aquela coisa, quem sabe...

    beijos.

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