27 de janeiro de 2012

Just a rat in a cage.

As vezes eu volto ao passado. Tipo hoje, durante um cochilo que foi um mero fechar de olhos. Embriagada de cansaço, as 19 horas, eu me dei conta que estava frio, que era sexta e que eu estava atrasada. O que eu estava fazendo em casa numa sexta feira a noite? Me perdi no tempo. Com direito a cheiros e sensações há tanto tempo esquecidas. Isso tem sido uma constante essa semana.

Essa semana eu tenho 16 anos, ao que me parece. Como estou fora da realidade. Como tem sido difícil me adequar a realidade. 2004 foi um ano difícil, 2005 foi mais ainda e foi decisivo. Mudou tudo. Me formou, me criou, me moldou. Com todos meus erros e acertos.

Um incenso teve que ser aceso, e interromper minha linha de raciocínio que não é boa desde essa época. As pessoas bem sabem... Ou não. Incenso aceso, Garbage e Smashing Pumpkins. Virar madrugadas, sair como um zumbi, maquiada, de preto, as 8 da manha para me manter acordada. Eu odeio aquele meu eu. Ele está lá trás, no meu passado, mas me assombra. Algumas pessoas não gostam de ouvir músicas que as fazem se lembrar de outras pessoas, pois bem, o quão estranho é ser seu próprio fantasma? As piores canções são as que me remetem a aquela época onde eu era feliz com a minha infelicidade.

As vezes eu reclamo demais. Mas a verdade é que tudo me decepciona. As pessoas me fazem perder a fé na humanidade. O amor ao próximo. A vontade que dá as vezes é chutar o balde, sumir. Ir para o Canadá e nunca mais voltar. Estou cansada. Cansada das decepções, de conhecer as pessoas tão bem que elas me dão ânsia de vômito. São sempre as que eu gosto... e elas sempre machucam as que eu amo.

Ter 16 anos era mais fácil. Eu tinha tudo nas mãos. As lágrimas caiam sem sentirem vergonha, eu era mais pura, mais amável. Muito mais sincera. Pelo menos comigo mesma. Parece que aprendi a camuflar meus sentimentos, até para mim mesma. Sofrer dói, mas mostrar isso para o mundo é o que mais incomoda. Eu me lembro, como se fosse ontem - será que não era? Sem preocupações, sem contas para pagar, sem trabalho, sem responsabilidades. Não me incomodo em pagar contas, mas era tão melhor quando eu vivia num castelo de gelo. É engraçado como eu sinto falta de ser infeliz... Mas no meio de toda aquela infelicidade havia algo, uma coisa que é essencial e que há muito tempo eu não sei o que é possuir... liberdade.

Eu amava, odiava, chorava, gritava.. era tudo tão limpo, tão na cara. Escrachada. Não vivia de fachada, com um sorriso falso para aqueles que na verdade eu gostaria de estrangular. Dissimulados... me fazem ser um deles. Minhas cicatrizes eram externas. Eu odeio esconder do mundo. Me esconder. "When will my reflection show who I am inside?". Não nasci para essas convenções sociais babacas. Odeio me esconder atrás de mascaras, que camuflam minha essência. Pensam que me conhecem? Pensem de novo. Eu poderia surpreende-los com meu passado, com meu presente, com meus pensamentos sombrios, com o que eu vejo toda vez que olho para você.

Eu escrevia. Escrevia de verdade, não tinha medo de pôr em palavras. Agora, eu sempre me podo. Raspe o cavanhaque, arranque as tatuagens. Quem é você? Quem é você, de verdade? Não seria melhor se pudéssemos ser nós mesmos?

Um comentário:

  1. Um texto intenso, uma revolta, uma confissão. Seus textos tem sabor, srta. Esse aqui é bem amargo. Noto que precisava tê-lo escrito, de uma forma ou outra. Palavras nem sempre nasceram para serem doce. Também com amargo se tempera a vida. Quando disse que o pior é se lembrar da época em que era infeliz me identifiquei um pouco, mas a solução mesmo está no desvelar as máscaras do presente, que sempre aprisionam. Mas não pense que é a única que tem máscara. Comece sua jornada rasgando algumas que estão bem próximas de ti...

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