25 de outubro de 2010

Tentando evoluir

 Ouvindo: Ani Difranco

Entra ano, passa ano. Coisa em cima de coisa. Erros, quedas, acertos, novas músicas, novos amores e Ani DiFranco sempre continua presente. Independente dos motivos iniciais da entrada dela em minha vida, eu consigo encaixa-la em quase qualquer momento de minha vida. E mesmo que uma hora suas músicas não me digam o que fazer, ao menos ela me ajuda a me acalmar. De tempos em tempos esqueço suas músicas, deixo-a pegando poeira na minha pasta para quando realmente preciso de ajuda ir atrás dela para que me dê algum apoio. Apoio tal que surge numa frase, numa música inteira ou na sua maneira de tocar o violão.

O engraçado é que foi só abrir minha pasta e jogar suas músicas para o Media Player que eu achei uma música sobre a qual eu poderia falar agora, cujo assunto está ainda bem quente, mas que não vale a pena expor dessa maneira. Não vale a pena mais causar dor a alguém que me foi muito bom mesmo que hoje essa pessoa não queira mais falar comigo, olhar na minha cara e me odeie, mesmo tendo prometido que nada que eu pudesse vir a falar a ele o faria me odiar. Me doi magoá-lo.

Ele acha que tudo o que ele disse entrou por um ouvido e saiu por outro, que eu ignorei tudo o que ele me disse. Mas isso é mentira. Eu tenho um defeito. Admitir que as pessoas estão certas sobre mim... só que apenas em voz alta. Dentro de mim, tudo funciona, analisa e examina aquelas afirmativas para achar algum sentido que no fim de tudo existe. Ele estava certo. Não sobre tudo, como eu tentei explicar mas ele se recusou em acreditar, mas ao menos em parte. Não ao que se referia a ele, mas ao que se referia a mim. Ele estava certo sobre como eu funciono e sobre o que eu deveria mudar em mim.

De certa forma isso me lembrou Comer, Rezar, Amar, que de alguma forma muito brega teve um impacto muito forte na minha vida. Eu estava perdida. E não é que eu precide comer na Itália, rezar na Índia e ir pra Bali encontrar um brasileiro para chamar de meu, mas cada um tem seu próprio comer, rezar, amar. Cada pessoa tem suas próprias descobertas pessoais que precisam ser feitas. Liz, a personagem do filme, estava insatisfeita, se sentindo morta, procurando significado. Eu estou em busca de evolução.

Evolução é algo relativo e pessoal. Eu sei os pontos que preciso evoluir, o que preciso melhorar em mim mesma, o que preciso buscar. Eu sei o que preciso e o que não preciso e, principalmente, eu sei o que eu sinto. Eu compreendo que certas coisas na minha vida aconteceram por algu motivo, motivos esses que eu ainda não descobri. Eu sei que algumas coisas que eu quero vão demorar. Algumas, se acontecerem, demorarão anos, e em relação a outras estou disposta a esperar o tempo necessário, o tempo que meu corpo suportar, até a areia terminar de cair na ampulheta. Eu achava que eu estava numa greve, mas percebi que minha greve começa agora.

Não me arrependo de ter dito aquelas palavras, foi a única coisa justa a se fazer. Espero que me perdoe um dia e que possamos ser bons amigos. Não sei o que esperar de um escorpiano furioso. Mas como uma geminiana, já estava na hora de me reinventar. Queimar para ressurgir de novo. Espero aprender as coisas que sempre tive preguiça de aprender, espero continuar tendo a coragem que demonstrei, espero voltar a aprimorar meu dom de ouvir, e aprender a me calar um pouco. Espero voltar a ser sincera, a colocar todos os sentimentos no papel. Pretendo me dedicar novamente a Igreja, a instituição e a palavra, me jogar nos ensinamentos religiosos, buscar um eu melhor do que o eu de hoje.

Preciso aprender a me separar das pessoas para aprender a lidar comigo mesma. Estar sozinha para aprender como estar junto. Mas isso não significa uma separação do mundo me isolando na minha torre de conformismo. Não que umas mudanças e umas viagens não me fariam bem. Mas, até então, minhas mudanças serão mais de dentro para fora do que de fora para dentro, apesar de algumas mudanças desse tipo estejam no meu roteiro de autodescoberta, exploração do mundo e levar as coisas mundanas e efêmeras menos a sério.

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