28 de maio de 2012

Sobre o não-escrever

Há coisas que não consigo falar sobre, ficam presas na garganta, nos dedos que não ousam pousar nas teclas. Meu grande medo é chegar no meu leito de morte igual ao protagonista do conto As Neves de Kilimanjaro do Hemingway que só conseguia pensar em todas as coisas sobre as quais ele sempre quis escrever mas se acomodou e acabou nunca falando sobre. Ao mesmo tempo, me acho extremamente repetitiva. Eu funciono bem na minha mente.

A verdade incomoda. Me incomoda. As ambiguidades me deixam louca. Eu amo e odeio estar aqui. Eu sei o que eu quero, mas ao mesmo tempo quero outras coisas também. Estou cansada de tentar. Estou cansada de me importar. "Abaixo meus olhos desejando poder chorar mais e me importar menos", mas é tão difícil para alguém como eu. Eu minto. Tento parecer descolada, mas não o sou. Não é tão difícil me conhecer, saber quem eu sou por debaixo da casca de super heroína. 

Tanta coisa a dizer, mas não digo. Escrever sobre mim mesma parece tão difícil. Talvez eu devesse escrever sobre outras pessoas, outras vidas. Talvez eu não devesse escrever de jeito nenhum.

Se perder também é caminho... mas estou cansada de rodar em círculos e terminar em lugar nenhum.

Um comentário:

  1. Sensíveis palavras, srta.

    Discordo quando diz que é difícil falar de si. Sempre fala de si. É possível senti-la em tuas letras.

    Continue se perdendo em si, sendo ambígua, contraditória por vezes. Por que não? Querer ser já é ser. Então seja, exista.

    Tudo isso é viver.

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