13 de maio de 2012

Sinceridade espontânea


Tenho tido uma dificuldade em me sentar aqui e escrever por diversos motivos, mas vou dar apenas o que tem ligação direta apenas comigo: tenho que falar em códigos. Tudo o que eu falo inclui a vida que eu vivo e, principalmente, as pessoas ao meu redor, por isso é tão difícil me expor nesse lugar. Recentemente arrumei uma espécie de diário onde eu posso escrever nomes. Nomes. Que alívio. Odeio reler coisas minhas e sequer lembrar do que estava falando, ter que procurar nos arquivos da minha memória com quem eu andava, o que eu fazia, para onde eu ia. Tão complicado! O diário é simples, além de me acompanhar para todos os lugares. Entretanto, não escrevo nele tanto quando desejaria. Tantas coisas que passaram e que não foram registradas. Tantas sensações, sentimentos, vontades, sonhos, pensamentos que vem e vão, junto com o vento que bate na janela, nas minhas idas e vindas do fundão.

Mas não estou no diário, não estou escrevendo uma carta, estou no blog. Não sei se quero simplesmente aproveitar a trilha sonora que me inspira a sentar aqui e falar algo ou se apenas estou tentando matar tempo. Talvez um pouco dos dois.

Complexo de Courtney Love. I want to be the girl with the most cake. Não não. Ela finge tão bem que está além do fingimento, já eu me entrego com meus olhares inocentes. Inocentes? Ingênuos talvez. Provavelmente tenho estado um pouco mais com complexo de Fiona Apple. Sempre fui tão na cara, talvez seja por isso que eu odeio coisas meio explicadas ou indiretas.

Me peguei escrevendo e reescrevendo uma carta. Tão difícil tem sido, talvez porque não faça sentido eu escreve-la. Primeiro porque ela não chegará ao destinatário e segundo porque tudo parece tão ridículo. Tento fazer uma recapitulação de tudo o que aconteceu... mas pra quê? Qual é o ponto? Me martirizar porque um dia na minha vida eu poderia ter tido algo que eu sempre quis e não pude ter porque estava me agarrando a algo passageiro? Erros. Infelizmente não sou Erica Strange e não tenho um Dr. Tom que pode me fazer voltar ao passado e fazer tudo diferente. Se eu pudesse, eu faria. Não sei o que aconteceria daquele ponto em diante mas este ai é um dos erros que estaria na minha lista. Mas está no passado. Tudo ficou para trás junto com a oportunidade. Não quero me prender ao que já foi e o que só Deus sabe se tem chance de ser. Estou cansada de correr atrás do vento. Eu achei graça quando um certo amigo me questionou quando eu disse que não era Penélope. Que Penélope moderna é essa que durante os momentos em que tece e destece o tapete vai se engraçar com outras pessoas? Não vou culpar o medo. A culpa é minha. Eu não fui Penélope e por isso não tenho o direito de dizer "eu sempre quis você". Onde ele em mim quando eu estava em outros braços?

Não sei se eu rio, se eu choro ou se eu mudo de trilha sonora. Comecei a escrever pensando em outra coisa, mas tudo vira Pedro. É, ele tem um nome. Que coisa. Ele se resume a cartas com frases riscadas, posts e músicas. Sempre na mente, mas tão distante. É uma ideologia, um amor fictício por alguém que eu sequer conheci bem o suficiente, cujo calor nunca me aqueceu. Como falar de amor quando eu "amei" tantos depois. Existiu Pedro e os que vieram no meio dele. Pausa para parar de ser masoquista. Voltar a ouvir 3x4. Pausa para tentar ser feliz. Voltar a ouvir Refrão de Bolero. Pausa. Morte. Meu coração funciona com a lógica Marvel, nada morre de verdade. Voltar a ouvir Dom Quixote, que sempre descreveu de maneira exata esse sentimento. "Muito prazer, ao seu dispor, se for por amor as causas perdidas". Por amor as causas perdidas e ao fim do medo de ser sincera como não se pode ser.

Um comentário:

  1. Não, não és Penélope mesmo. Afinal, quem é? Ou ainda, não são todas, mas cada um de seu jeito?

    Um texto intenso. Tenso. Quente. Jogou palavras no papel, mas jogou bem. Tão complicado. Tão complexo. Tão complementar. Tão "com"... que soa doloroso o seu estar "sem".

    Paradoxo. Antes não o conhecia mesmo. Hoje já posso dizer que conheces um muito. A ficção do sentimento está sendo perversamente invalidada a cada novelo que usa para tecer esse tapete que não parece ter fim...

    Não há conselhos a dar. Não creio neles. Mas digo: Escreva, ponha pra fora. E Lembre-se cartas não nascem para não serem entregues.

    Cada palavra que leio sinto mais você nos seus textos.

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