30 de janeiro de 2013

Roller coaster

A vida é uma grande sacana. O Grande Murphy. Ela nos dá todos ingredientes necessários para criarmos um futuro inteiro em nossa mente. Planejamos, sonhamos, esquematizamos semanas, meses, anos. Um relacionamento. Uma viagem. Um período na faculdade. Uma dieta. Então vem o fim do amor, a falta de dinheiro, o World of Warcraft e uma pizza família e acabam com tudo de uma forma devastadora. Como o mar vem e leva declarações de areia.

Mas é assim mesmo. Aquele sonho de adolescência de escrever para a Rolling Stone, de ser jornalista, diplomata. De ter conquistado tais coisas até tal idade. De caber num manequim 36. Os sonhos mudam, a vida nos transforma. Algumas coisas continuam, mas nunca do mesmo jeito. Eu ainda canto Hole e penso na California, mas o que imagino é diferente. Os Pedros se vão... e isso não é ruim.

As vezes os sonhos mudam, as vezes eles entram em hiatos.  As vezes eles ainda não estão definidos. As vezes eles tem que esperar um pouquinho mais.

Mudanças não são ruins. A vida nos leva à lugares estranhos, não entendemos o porquê, mas então futuramente entendemos. Ou não. Nem tudo precisa fazer sentido. O mal do ser humano é querer controlar tudo, mas a verdade é que somos controlados por algo maior. A Vida conecta todas essas linhas de todas aquelas pessoas que cruzam nosso caminho e nunca sabemos qual dessas pessoas vai fazer toda diferença.

Hoje eu percebi que não adianta chorar o leite derramado e nem reclamar do que simplesmente é. O que passou e deixamos que fosse levado passou e foi levado. Não há o que mude isso. E o que é não vai deixar de ser apenas porque queremos.

Sonhar é bom, mas eles apenas nos motivam para correr atrás de algo. É preciso aceitar que as vezes para chegar até a garota do guarda chuva amarelo você vai ter que passar por vários guarda chuvas errados. Até chegar no emprego ideal, vai ter que ganhar pouco dinheiro e trabalhar demais. Até morar onde você quer você vai ter que deixar de comprar algumas peças de roupas mensais.

A gente um dia percebe que pra ser feliz basta enjoy the ride, sentir o vento no rosto e gargalhar no presente pelo futuro. Felicidade não é o chegar no destino desejado, mas o caminho que se percorre até enfrentarmos O Verdadeiro e Grande Ponto de Chegada: a morte.

2 comentários:

  1. Dia desses, também conhecido como antes de ontem, conversei com um caxiense sobre a morte. Epicuro - um amigo meu - disse outra vez que aquele que reflete com tranquilidade sobre as perdas, e a morte a maior, pois a vida é a única coisa que realmente possuímos, melhor. Melhor pois não nos sentimos ansiosos, tristes com perdas ou postergamos compromissos.

    Há algumas pistas de você no seu texto. Pistas que me deixam feliz. A primeira é a elipse no sexto parágrafo. O sonho está presente: "ele". Mesmo que tenha criticado de forma suave, manteve o sonho em elipse na primeira sentença. Mantenha seus sonhos e utopias - mesmo que em elipse - na sua vida.

    A segunda pista é mais bonita. Escreveu vida com letra maiúscula no quarto parágrafo. E mais que isso, a morte, que encerra a vida e o texto, está com letra minúscula. Mesmo que o "Verdadeiro Ponto de Chegada" esteja em maiúsculas, o que ele é - a morte - não está.

    Por essas pistas - indiciárias - sinto mais vida em seu texto que melancolia ou tristeza. As referências culturais ainda estão presentes, algumas renovadas, outras recorrentes. Senti um pouco de falta do refrão desse texto - tudo que você escreve para mim tem a estrutura de rock. Mas nem sempre é preciso ter um refrão pra se fazer uma boa música.

    Ataque o prato. Marque no bumbo. Faça o ritmo da sua vida: maiúscula.

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  2. "Como seria melhor
    Se não houvesse refrão nenhum"

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