17 de janeiro de 2013

Sobre a frustração.

Sempre lembro-me de Hell. Sei que não é um grande livro, mas foi um livro que teve uma grande importância na minha adolescência. Algumas de suas citações permaneceram comigo. Muitas se aplicam até hoje. Poderia citar várias, mas não vou. Entretanto cito uma: "É melhor cair do que ficar sempre no chão?"

Acho que meu cinismo em relação a vida bate de frente com o jeito ultra romântico de esperar as coisas que estão por vir. Eu sou uma desacreditada, entretanto uma esperançosa. Eu dou chances, me dou chances, dou chances a vida, as pessoas. Mas eu tenho uma tolerância muito baixa. Uma vez desapontada, surge esse buraco dentro de mim que me leva para esse Hell state of mind. Só que eu não consigo mais fazer a Hell. Eu não consigo mais me autodestruir. Maturidade e tal. Mas a vida também não segue mais em seu ritmo comum. Passo a repensar uma diversidade de coisas. Sobre esperanças, planos, sobre o que eu mereço. Complexo de Chuck Bass. "Eu a amo, mas eu nunca conseguirei fazê-la feliz." Como se tudo o que eu tocasse apodrecesse. Entretanto, disso tudo não sai uma Sylvia Plath. Apenas mais uma frustração para adicionar a lista.

Talvez meu problema sempre tenha sido sonhar alto demais. Mas qual é a graça de sonhar baixo? Mas viver de sonhos, em determinado momento, torna-se viver de frustrações. E você vê as pessoas, estáveis e felizes. Com casas e carros. Diplomas e empregos. E dentro de você o vazio. Aquele mesmo vazio que  me fazia ouvir No Rain e Big Empty, só que canalizado de outra forma.

Sinto falta dos 17 anos. Parte de mim queria fazer com que fosse totalmente diferente. Criar uma segunda linha em que a Ilha de hoje em dia pudesse estar começando a construir uma vida do jeito que ela gostaria que fosse. Mas no fundo, bem lá no fundo, onde todas vezes que eu sofro eu cantarolo Courtney Love, eu sei que eu sinto vontade de poder fazer tudo de novo. De viver como eu vivia. Lost and Delirious. Achando que eu tinha o mundo pela frente. Mas não o tenho. O que resta para mim? O que resta para todos nós?

Eu sei que não posso culpar ninguém além de mim. Mas ser feliz para mim é extremamente difícil. Como um Hank Moody quando não consegue escrever. Como um Hank Moody que sempre consegue fazer algo que o afaste dos amores de sua vida. Como alguém que destrói tudo o que ele toca. Mas sem Venice, sem o Porsche, sem o talento.

Too much walkin' shoes worn thin. Too much trippin' and my soul's worn thin.

Over and over again. E é exatamente por isso que minhas conversas terminam matando. Como um escorpião que se defende lançando um veneno. A verdade. A loucura. A paixão desenfreada. E todas aquelas coisas sobre as quais que não se deve falar. Sobre as quais eu não pretendo falar.

Um comentário:

  1. Ambiguidade. Se defende matando a outros quando talvez seja o veneno em si que a incomoda. Melhor seria matar algo dentro que projetar o veneno para fora. Sobre ilhas? Todos somos em certa medida. Sobre o "não falar"? Já fala sobre, só não quer acreditar nisso, então porque o pudor?

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